Gonçalo Henriques tem 25 anos e é campeão nacional na categoria de duas rodas motrizes. A Central Press foi conhecer o piloto de Vila Nova de Poiares, que desde muito novo se apaixonou pela modalidade e não esconde que gostava de um dia participar no Campeonato da Europa. 

“Qualquer piloto sonha em chegar ao Campeonato do Mundo, mas uma participação no Campeonato da Europa já seria incrível” – afirmou.

Aos 18 anos decidiu seguir as pisadas do pai e estreou-se nos Rallys. Primeiro como navegador de António Santos, mas rapidamente passou para os comandos do carro. 

“Eu sempre gostei da modalidade. Não considero que seja uma paixão, acho que é mesmo uma doença” – atirou.

Em 2018, competiu pela primeira vez como piloto no Rally de Poiares. Desde essa altura tem marcado presença em várias competições. Destaque para os títulos nacionais, do FPAK Junior Team, em 2022 e do CPR 2RM, em 2023.

“Tentei sempre acompanhar os Rallys desde muito novo, sempre à espera da minha oportunidade para poder participar. Essas oportunidades surgiram e, felizmente, hoje estou a correr e já alcancei coisas que nunca imaginei que seriam possíveis” – explicou.

O poiarense é navegado por Gonçalo Cunha. Conheceram-se em 2022, num troféu organizado pela Federação. Na altura, competiam em diferentes equipas, mas ambos acabaram no pódio. 

A dupla de “Gonçalos” surgiu, em 2023, depois do seu antigo co-piloto, Tomás Branco, ter de abandonar a competição, por motivos profissionais.  

“Foi uma aposta certeira. Ele tem cumprido em tudo e também tem alguma paciência para mim, porque eu sei que em dias de prova não sou muito fácil” – afirmou.

No último fim de semana de fevereiro, participaram no Rally Serras de Fafe, Felgueiras, Boticas e Cabeceiras de Basto, tendo vencido a prova na classe de duas rodas motrizes (2RM).

A competição continua e para já está garantida a presença no Rally do Algarve. Os avultados custos da modalidade acabam por dificultar a participação em algumas provas. Ainda assim, o piloto confessou que estão a trabalhar para tentar estar presentes no Rally de Portugal e no Rally Vinho Madeira. Tratam-se das “provas mais caras do calendário. Nós queremos muito fazê-las, vamos continuar a trabalhar para conseguir estar presente novamente”. 

Quanto a uma possível presença no Campeonato Europeu de Juniores, Gonçalo Henriques avançou uma possibilidade para 2025. 

“Penso que [2024] ainda não seja o nosso ano de participar no Campeonato da Europa, mas estamos já a pensar em 2025. Começamos a trabalhar tarde demais e, por isso, este ano vamos fazer o contrário. Vamos começar a trabalhar muito mais cedo. Tentar montar um projeto internacional para o próximo ano” – explicou.

Ao longo dos oito anos de competição, Gonçalo revelou que a dificuldade em conseguir apoios, deve-se ao facto de Portugal ser um país pequeno, com poucas empresas grandes, o que “torna difícil montar os projetos”. 

Gonçalo diz que tem-se esforçado para encontrar patrocínios e que os bons resultados por si só não são suficientes. Mas depois de os conseguir tem de lhes dar retorno, isto é, “tem de trabalhar as redes sociais, dar entrevistas, trabalhar bem a imagem dos patrocinadores. As empresas gostam de bons resultados, mas gostam de ver o seu nome exposto”. 

Quanto ao futuro, Gonçalo Henriques disse que sonhar com o Campeonato do Mundo não tem custo, mas admitiu que chegar a esse patamar não depende das capacidades ou talento dos pilotos, mas sim da capacidade financeira.