A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defendeu hoje que “recuperar os professores que abandonaram” o ensino vai fazer face ao elevado número de aposentações.
Em entrevista à Central Press, Mário Nogueira reiterou que “formar um professor não demora um ano, nem meia dúzia de meses, demora cinco anos e, portanto, de imediato a primeira resposta passaria por recuperar quem abandonou [a profissão], atrair quem já existe e tem formação pedagógica”.
Em década e meia, cerca de 20 mil professores profissionalizados abandonaram a docência, emigraram ou mudaram para outra profissão, recorda. Em 2013, registou-se o maior número de aposentações, ficando apelidado de “ano do milénio”.
“No final de março vamos ter 1.048 aposentações, superando o ano recorde do Milénio, significa que estamos a viver uma situação muito até para além do que era expectável” – reitera o sindicalista.
De acordo com o dirigente da federação, atualmente 22% dos professores têm mais de 60 anos: “estes professores chegam ao momento em que se aposentam e provocam ruturas no próprio sistema, relacionados com a falta de professores”. Em 2023, aposentaram 3.521 professores e chegaram ao sistema cerca de 600.
Mário Nogueira considera que o “Ministério da Educação sabe que a causa [desta situação] é a desvalorização da profissão docente. Não é só a questão do tempo de serviço, mas é a desvalorização da carreira, dos salários, o custo da habitação. Os jovens sabem disso e, muitos que mesmo dizendo que gostavam de ser professores, não querem ir” para o ensino.
O secretário-geral da Fenprof alerta que é preciso que os docentes que se vão formar “se sintam atraídos pela profissão”.
De acordo com dados da Caixa Geral de Aposentações (CGA), até ao final de março serão 1.048, perfazendo 5.300 até ao fim do ano.