Daniela Sá Ferreira @Central Press

Especialista aponta demência e acidentes rodoviários como consequências da mudança da hora

30.03.2024

A hora de verão chega este fim de semana e mantém-se durante oito meses. Para uns é motivo de alegria, uma vez que os dias ficam mais compridos. Para outros significa dormir menos um hora, porque quando for uma da manhã de domingo, os ponteiros do relógio passam automaticamente para as duas.

Mas estas não são as únicas alterações que a mudança da hora traz. Em entrevista à Central Press, a presidente da Associação Portuguesa do Sono, Daniela Sá Ferreira, revelou que neste período há “maior frequência de acidentes de viação e laborais”. 

Isto porque “a sensação de que dormimos menos provoca pior desempenho profissional e escolar, exatamente quase por essa privação do sono”, explicou.

A longo prazo também se avizinham vários problemas, como “maior propensão de diabetes, obesidade, maior risco de doenças infeciosas, neurodegenerativas, como Alzheimer, ou mesmo problemas psicopatológicos, nomeadamente a ansiedade e depressões”, detalhou.  

A Associação Portuguesa do Sono defende o fim destas mudanças bianuais. Caso essa situação se viesse a verificar, o ideal seria optar pela hora de inverno, designada como a hora padrão. “É a hora que está mais sincronizada com o nosso relógio biológico e a que tem menos impacto para a saúde”, justificou.

Apesar de existirem pessoas que gostam mais do horário de verão, a também pneumologista sublinhou que no inverno as manhãs seriam mais escuras, o que traria várias consequências. 

A população “não está destinada a acordar com o escuro, mas com a luz. Na escola, seria mais difícil para as crianças concentrarem-se e os adultos no trabalho, algumas pessoas trabalham bastante cedo. Podem pensar realmente no final do dia, mas também temos que pensar na manhã”, referiu Daniela Sá Ferreira.

Por enquanto mantém-se o horário bianual. Para enfrentar as mudanças que advêm da alteração da hora, a especialista deixa alguns conselhos: “ir para a cama mais cedo ou mais tarde [consoante o horário] e tentar não reduzir as horas de sono”.